Resenha: Dear Zindagi

        O filme "Dear Zindagi" se inicia em Mumbai e mostra a história da diretora de fotografia Kaira, a qual costuma ter relacionamentos amorosos conturbados e ter dificuldade de lidar com certas situações. Ao se deparar com diversos contratempos que lhes são um choque, ela volta para sua cidade natal, Goa, para morar com seus pais (com os quais também não tem um bom relacionamento) e começa a ter dificuldades para dormir, se sentir infeliz e incerta. Então, durante um trabalho interrompido dela, Kaira escuta a palestra do psicólogo Jehangir Khan, uma pessoa com um modo singular de se expressar, o que lhe chama a atenção e lhe interessa; portanto ela marca uma consulta com ele. 

       Ao tratar de ganhos e perdas, oportunidades e problemas de uma pessoa que seria considerada "normal" para o padrão de muitos e relacionar todo o contexto com a necessidade de iniciar uma terapia, o filme evidencia a ideia importante de que a terapia é um espaço que auxilia a pessoa a lidar com os problemas e as dificuldades que está enfrentando e que a terapia não é "para loucos", que as pessoas podem se beneficiar de um tratamento que lhes ajudem a enfrentar situações com as quais não têm suporte próprio para enfrentar sozinhas. 

       Kaira apresenta diversos sintomas como a insônia, a compulsão por comprar, a dificuldade para lidar com suas relações afetivas e tudo isto indica a sua necessidade de auxílio. Então, se inicia o processo terapêutico e vamos acompanhando a personagem se desenvolver aos poucos, encontrando forças para lidar com seus conflitos. A forma como o terapeuta lida com a terapia surpreende a própria paciente, muitas vezes realizando sessões em ambientes diferentes, como a praia, e toda essa forma inovadora do terapeuta lidar com a situação vai ajudando a personagem no seu tratamento. 

       Conforme o filme vai se desenrolando e vários momentos vao ocorrendo, vamos descobrindo e, especialmente no momento em que ela de fato conta seu passado para o psiquiatra, compreendemos melhor os motivos pelos quais a personagem lida da forma que lida com certas situações.

       E, então, conseguimos compreender de forma mais clara e nítida as razões e os motivos pelos quais ela agia do modo que agia. Assim, ela tem razões e problemas próprios para os quais a sua forma de reagir era o jeito que ela conseguia lidar com tais situações e, portanto, o espectador percebe que aquela personagem não é "explosiva" em muitos momentos porque quer, mas porque precisa de ajuda para lidar com certas situações e superar problemas do seu passado que continuam afetando seu presente.

       Quando ela começa a falar tudo aquilo que a afetava, especialmente seu sentimento de abandono por ocorrências de sua infância, ela sente uma espécie de alívio, liberdade e paz interior, o que podemos observar pelas cenas dela sorrindo em paisagens e fazendo diversas atividades de lazer, além de melhorar seu relacionamento com amigos e familiares.

       Portanto, chegou o momento de finalizar o tratamento, momento em que ela própria terá que assumir o controle pela própria vida, ideia que a personagem não aceita rapidamente. Ela expõe seus sentimentos amorosos pelo terapeuta, situação com a qual o profissional conseguiu lidar bem, fazendo Kaira compreender que a relação deles era de terapeuta e paciente, mas sempre buscando não diminuir seus sentimentos.

       Então, a personagem, com sua tentativa frustrada, tenta ao menos manter uma relação de amizade, pedido ao qual o terapeuta também declina, "inteligência é saber quando parar", diz ele, deixando claro que a relação deles era de contrato terapêutico, o qual tem começo, meio e fim, mostrando a Kaira que ela já havia as forças e a compreensão necessários para conseguir lidar com problemas futuros sem ele e, cada vez, ser guia do seu próprio amadurecimento e desenvolvimento.