O lago da mudança
Caminho pela praça e olho em volta. É uma rua vazia, sossegada, sem grande movimentação de carros. Isso torna possível escutar os pássaros cantando no alto das árvores. Olho para lá e vejo alguns voando. Sorrio e sinto uma paz indescritível.
Distraído, acabo chutando uma pedra. Olho rapidamente para o chão e vejo a pedra rolando. Percebo como chutei forte, pois continua rolando até que, finalmente, cai num laguinho ali perto.
Aproximo-me e vejo que a pedra causou uma grande perturbação no local. O sapo que estava ali perto coaxou e ficou encarando, intrigado diante do movimento e barulho inesperados. Alguns pássaros se aproximam, curiosos. As tartarugas assustaram-se e se afastaram lentamente, com medo de um imaginário predador. Os peixes correram para o local, na esperança de ter mais algum humano dando pão para alimentá-los.
Chego perto para ver com mais atenção, fascinado com o rico ecossistema existente num espaço tão pequeno. Tão próximo da água, vejo meu reflexo no lago. O brilho dos meus olhos coincide com o brilho da luz do sol na água, parecendo ainda mais intenso.
É intrigante como um acontecimento tão simples, tão singelo quanto chutar despretensiosamente uma pedra, pode gerar tantas reações e ações completamente novas. As tartarugas não teriam fugido. Os peixes não teriam se aproximado. O sapo não teria se atentado. Os pássaros não teriam se aproximado. Eu criei mudanças naquele local, por mais breves que tenham sido. Estou a todo momento contribuindo para o mundo que existe.
Olho novamente para meu reflexo na água e sinto que aquele menino que me encara no reflexo criou mudanças em mim.
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