Filme Dumplin
Em “Dumplin”,
Willowdean (Danielle Macdonald) é uma adolescente que desde muito cedo vive com
a sua tia Lucy (Hilliary Begley), a qual é a inspiração e alegria da
adolescente. Mas, com a morte da tia, Willowdean, abalada, precisa voltar a
viver com a sua mãe, Rosie Dickson (Jennifer Aniston), uma ex-rainha da beleza.
Rosie está
sempre ocupada com a organização de concursos de beleza e é evidente a falta de
intimidade entre mãe e filha. Rosie demonstra sentir algum incômodo por sua
filha Will ser gordinha, a qual foi apelidada pela mãe de “fofinha”, o que a
chateia demais.

Portanto, Will
tem muitas experiências passadas negativas com sua mãe, se sentindo rejeitada e
humilhada por não estar dentro dos padrões que a mãe tanto exalta. Sabemos que
os quatro primeiros anos de vida são um período bem crítico, pois é quando o
cérebro cresce até em torno de dois terços do seu tamanho final, aumentando sua
capacidade num ritmo muito alto. Principalmente nesse período ocorre mais
facilmente as principais formas de aprendizagem, com destaque principal para a
aprendizagem emocional. E embora as experiências do passado não se apaguem,
sejam as negativas ou as saudáveis, elas podem ser ressignificadas e, também,
novas experiências e aprendizados podem auxiliar na superação.
Então, Will
descobre que sua tia já pretendeu uma vez participar do concurso de Miss Teen
Bluebonnet, porém isso nunca ocorreu. Tal falto leva Will a se inscrever nesse
concurso, o qual tem sua mãe como organizadora. A adolescente encontrou nisso
um modo de protestar contra os padrões sociais que ditam o que é beleza e o
corpo propagado como o ideal e belo. Seu esforço ganha força com a decisão de
outras colegas fora dos padrões de também participar do concurso.

Isso traz uma
reflexão importante sobre o preconceito que há muito, infelizmente, existe com
quem está acima do peso ou fora dos padrões que a nossa sociedade estipulou o
que seria beleza e o impacto psicológico que isso têm na saúde mental das
pessoas. Beleza não se baseia em peso, beleza vai muito além disso e inclui
tantos elementos, como a simpatia; então por que tanto estranhamento quando
Will decide participar do concurso de beleza? De onde surge tanto preconceito? Acredita-se
que os sentimentos preconceituosos se iniciam na infância, a partir do que se
aprende com aqueles que estão próximos e cuidam da educação da criança, embora
as crenças que as pessoas usam para justificar esses preconceitos surjam somente
depois.
Assim, a mãe de
Will aprendeu em sua infância e adolescência o quanto era doloroso estar acima
do peso em uma sociedade preconceituosa, com pessoas que, por exemplo, debocham
e tiram sarro e pais que impõem remédios e dietas rigorosas para que a filha
fique dentro do peso que consideram adequado. Ela aprendeu a querer evitar um
corpo acima do peso para evitar a dor de ser ridicularizada pelos outros, foi a
forma que ela encontrou de lidar com isso. E, mesmo que mais tarde ela pudesse
não querer mais ser preconceituosa, é muito difícil modificar sentimentos
arraigados. Assim, ela jamais admite diretamente que não gosta do corpo da
filha, mas fica insistindo para a filha ter alguns cuidados como tratar o
cabelo e comer só coisa saudável, por exemplo.

Portanto, Will
precisa aprender a se aceitar como é, ao mesmo tempo que sua própria mãe não a
apoia, nem mesmo em participar do concurso de beleza. Isso é uma tarefa um
tanto quanto difícil quando aqueles que amamos não nos apoiam. Mas Will não
está sozinha nessa: ela tem sua melhor amiga e as novas amigas que, fora do
padrão, também decidem participar do concurso, também conta com a ajuda de
amigos da sua tia, os quais conheceu em um barzinho que a tia frequentava.
Em boa parte do
filme, é possível perceber o quanto ela própria internalizava a opinião dos
outros, se sentia feia e incapaz de atrair o colega de trabalho bonito - embora
ele demonstrava gostar dela. Mas, no desenrolar da história, é perfeito ver
como ela vai aprendendo a não se subestimar e entendendo que ela é linda sim,
capaz de conquistar o que desejar e de atrair o cara que ela gosta. Então, Will
vai aprendendo a superar os desafios e a não deixar a opinião e o preconceito
dos outros afetarem sua autoestima. Apesar de todos os obstáculos e das pessoas
duvidando dela, ela aprende a se aceitar e se amar como é.

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