Filme Mistério no Mediterrâneo



Em “Mistério no Mediterrâneo”, iniciamos a história com uma esposa, Audrey (Jennifer Aniston), cansada da promessa do marido, Nick (Adam Sandler), não ser cumprida: uma viagem para a Europa. Ao questioná-lo, este improvisa dizendo que a viagem era a surpresa de casamento que ele já ia dar para ela no dia seguinte (aniversário do casal) - assim, ambos embarcam no avião para Monaco.

Mistério no Mediterrâneo | Site Oficial Netflix

Nick é pão duro e tenta sempre economizar o máximo possível, ainda mais que ele não é detetive e não recebeu um aumento, embora Audrey acredite que sim. Essas são só mais algumas mentiras criadas pelo marido para não ter que admitir que rodou na prova para se tornar um detetive e para provar que tem como pagar pela viagem.

Então, durante a viagem de avião, Audrey não consegue descansar, porque o marido não para de roncar; ela tenta pedir um tampão de ouvido para a aeromoça, mas descobre que é muito caro. Portanto, vai para a primeira classe, onde encontra um tampão de ouvido e o pega, mas vê toda a bela comida da primeira classe e começa a comer, quando é pega no flagra por Charles Cavendish (Luke Evans). Eles se empolgam na conversa e Charles convida o casal para ir ao iate de luxo do seu tio. Audrey, animada com a possibilidade de escapar da viagem não tão glamourosa que o marido organizou, aceita o convite e convence Nick a aceitar também.

Crítica | Mistério no Mediterrâneo

Entretanto, a viagem que parecia maravilhosa se torna uma confusão ao ocorrer o assassinato do Sr. Cavendish (Terence Stamp) em alto mar. Além disso, seu filho, que também estava no navio, logo em seguida, apareceu morto num aparente suicídio. Assim, todos no navio se tornam suspeitos, inclusive o casal, que é o maior suspeito para o detetive do caso. Audrey adora livros de mistério e a ideia de viver isso na vida real parece empolgá-la, deixando-a curiosa para descobrir quem foi o assassino. Já Nick se empenha em agir como um detetive para que a esposa não descubra a sua mentira.

Eles mal conhecem as pessoas que estavam no barco, então começam a conversar com cada um para descobrir mais informações e as suspeitas de cada um. Mas é visível o quanto eles, especialmente Audrey, usam generalizações e ideias pré-concebidas, se baseando nos livros de ficção. Como Redelmeier dizia, onde quer que haja incerteza, tem de haver julgamentos e onde há julgamentos, há oportunidade para a falibilidade humana. Com a falta de informações e o uso de suposições, Audrey e Nick vão criando possibilidades de quem é o culpado e, obviamente, vão suspeitando de vários personagens que não estavam envolvidos com o crime.

        FOTOS: REPRODUÇÃO/NETFLIX 

Então, Nick comenta que há três grandes elementos que levam alguém a cometer um assassinato: dinheiro, amor e vingança. Como Charles Cavendish perdeu seu amor para o tio, poderia querer vingança e ainda conseguiria ficar com a grana: ele preencheu os três grandes motivos para querer matar o tio. Assim, Nick desconfia dele, mas Audrey acha que essa suspeita é apenas motivada pelo ciúmes de Nick.

Obviamente, o ser humano comete erros e, com os avanços em nossa sociedade cada vez mais eficazes de controlar o nosso meio, nem sempre os usamos da melhor forma. É comum ver em jornais notícias de pessoas usando armas, facas e tantas outras ferramentas para ferir e matar os outros. Numa tentativa de processar essas informações, buscamos um motivo, algo que o criminoso ganharia a ponto de levá-lo a matar outro ser humano - e é em busca desses motivos e de quem teria esses motivos que Audrey e Nick vão.



Assim, conforme a perspectiva de cada um, vários personagens vão ocupando a posição de suspeito de ter cometido o crime. Não necessariamente um julgamento será seguido de uma decisão, mas toda decisão implica algum julgamento. Assim, conforme o casal vai encontrando novas informações e novas pistas, eles vão julgando e analisando os dados para tomar a decisão e conseguir desvendar o mistério.

Para fazer isso, o casal se utilizou da imaginação para recriar os fatos na mente e conferir as possibilidades, interesses, condições e desejos de cada envolvido. A imaginação é uma forma de extrair sentido de um mundo de possibilidades infinitas reduzindo-as. Provavelmente, ao recriar cada cenário na cabeça para tentar descobrir o que houve no dia do assassinato, a mente busca remover tudo que pareça surpreendente ou inesperado, o que pareceria altamente improvável. Assim, ambos buscam focar só no que faz sentido e parece ter motivo para ter matado Sr. Cavendish, descartando qualquer um que não parecesse ter motivo para matá-lo.



É através dessas recriações, do processamento de novos dados e da capacidade analítica possibilitada pelas funções cerebrais conforme vão surgindo novas pistas que o casal consegue solucionar o caso e deixar de ser suspeito. É intrigante ir acompanhando o desenrolar dos acontecimentos junto com o casal, com as nossas próprias interpretações, tendo nossos próprios suspeitos e curiosos para descobrir se solucionamos corretamente o caso.

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